“A felicidade não é uma coisa que aniquila a dor. Não dá para dizer ‘não vou ter mais sofrimentos, só vou ser feliz’. A verdadeira felicidade é você perceber que a beleza é um processo contínuo. Se alguma coisa me magoa, eu fico triste. Eu não posso ficar alegre com a tristeza. Faz parte da experiência humana sentir saudade, amor, ternura, ficar triste, ter medo da morte. É trabalhar o que está acontecendo com você e não negar, não iludir. Não adianta querer cobrir com um véuzinho muito fino aquilo que é a nossa verdade.”

- Coen Rōshi, monja zen budista.

Na trajetória do contentamento, encontramos várias emoções, nem todas positivas. Para a monja zen-budista Coen, a felicidade está associada à sabedoria ou compreensão superior. “É um estado de deslumbramento com a vida, mesmo na dor, no sofrimento”, define.

Aliás, monja Coen desconstrói um mito recorrente: acreditar que ser zen é levar uma vida sem desafios. “A indignação e a raiva são maravilhosas porque são elas que nos motivam a querer uma ação de transformação”, reflete.



Obviamente, isso não significa alimentar rancores ou viver em embate permanente. A ideia é canalizar sentimentos desafiadores de forma positiva. Como dar um basta em um relacionamento ruim e seguir em busca de conexões mais benéficas.

Por outro lado, reconhecer nossos sentimentos menos pacíficos não deve representar justificativa para ser dominado por eles. Um caminho para serenar a mente é a meditação. Fato, inclusive, comprovado por pesquisas científicas. “As práticas meditativas levam a um estado de compaixão e isso é comprovado materialmente nos neurônios. Eles são plásticos e, assim como os músculos, podem ficar mais fortinhos se começarmos a procurar no outro alguma coisa boa”, avalia Coen.

Por fim, para encontrar a felicidade, não podemos esquecer dos cuidados com a parte física. “Somos uma unidade, nosso corpo e nossa mente estão unidos”, sinaliza Coen.

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