Qual o objetivo dessa seção?
É um FAQ (Frequently Asked Questions), espaço para responder as perguntas que recebo mais frequentemente.

O que você faz?
Escrevo, faço consultoria e falo por aí sobre sustentabilidade, comunicação, plataformas digitais e as diversas facetas da economia criativa.

Qual a sua base de atuação?
Desenvolvo minha atividade sem “respeitar” fronteiras geográficas.

Explique seu e-book Comunicação em rede.
Lancei, em julho de 2009, o O livro Comunicação em Rede. A obra, que pode ser acessada gratuitamente através da internet, versa sobre a informação na era digital: jornalismo online, mídia social (web 2.0), jornalismo cidadão etc.
Não é necessário fazer download: você tem acesso ao conteúdo da obra através do mapa da página. Em cada capítulo, há subdivisões.
O formato wiki (similar ao da Wikipédia) facilita agregar recursos de hipertexto. Não é uma obra estática: é possível clicar, possui tags (etiquetas) e links para mais informações. Isso facilita a leitura fragmentada. Apesar de haver a sugestão de uma direção a ser seguida, os textos podem ser lidos separadamente, caso haja interesse apenas por tópicos específicos.
Ademais, o formato possibilita atualizar a obra, inserindo dados recentes, novos textos etc. É possível acompanhar esse trabalho através do RSS da obra.

Por que lançar um livro no formato digital? E de graça?
Queria ir além do que os livros eletrônicos ofereciam na época: muitas vezes, o que chamamos de e-book é algo pensado para ser impresso, um livro normal transposto para o formato digital (geralmente, em arquivo pdf). Acho equivocada essa premissa. Quando escutamos arquivos sonoros em mp3, não dizemos que estamos escutando uma “e-música”.
Não sei se essa proposta se adequaria a todo tipo de escrita, da mesma forma que tenho dúvidas se a tecnologia 3D seria apropriada para todo tipo de filme.
No meu caso, se encaixou bem. Como a internet está trazendo mudanças constantes à comunicação, um livro impresso correria o sério risco de ficar desatualizado em pouco tempo.
Sobre a gratuidade da obra. Diversos motivos: desde a facilidade do formato até o desejo de ampliar a discussão com outras pessoas. Segundo pesquisa realizada em 2007 pelo Instituto Pró-Livro (IPL), a média anual de livros lidos pelo brasileiro é muito baixa: 1,3 (sem incluir títulos escolares) e 4,7 (contando obras escolares).
É também uma forma de agradecer as pessoas que entregam conhecimento online, com as quais aprendo bastante. Acredito que compartilhar é um dos alicerces da internet.
Ademais, julgo que um produto device agnostic, como meu e-book, que pode ser acessado da web através de inúmeros aparelhos, é uma solução mais democrática, já que propicia mais opções ao leitor.

Por que chamar esse projeto de e-book? Parece uma forma chique de batizar um simples site.
Compreendo seu posicionamento. Entretanto, o que deve sobressair não é o suporte físico do livro, mas sim seu conteúdo. Seymour Chatman, em Story and Discourse: Narrative Structure in Fiction and Film, explica que a materialidade do livro não afeta a natureza do objeto estético fixado por ele.
Ademais, meu projeto não quer limitar, mas expandir conceitos. Com isso, busquei criar algo que permitisse novas formas do leitor se apropriar da obra.
Em Hipertexto: La Convergencia de la Teoría Crítica Contemporánea y la Tecnología (1995), George P. Landow defende que as concepções de autoria possuem relação com a tecnologia que prevalece em determinado momento. Havendo mudança hierárquica na forma como a informação é propagada, também há modificações da noção cultural de autoria.
Na época do lançamento, acreditava que muitas das obras chamadas digitais não estavam utilizando o avanço dos recursos tecnológicos. Minha proposta foi utilizar o hipertexto para criar uma textualidade aberta, permitindo novas experiências de leitura através de múltiplos caminhos.
Nisso, as funções do leitor e do autor se misturariam. Foucault, em O que é um autor?, denomina como “função-autor” a “característica do modo de existência, de circulação e de funcionamento de alguns discursos no interior de uma sociedade” (O que é um autor?, 1992, pg. 46).

Qual o papel do novo profissional de comunicação?
Escrevi um capítulo sobre o assunto no meu e-book.

Como os meios de comunicação podem utilizar as mídias sociais?
Dê uma olhada nesse artigo que publiquei no Observatório da Imprensa.

Qual a postura de um jornalista nesse novo cenário?
Escrevi sobre o assunto no Webinsider.

Blog é jornalismo?
Pode ser. Diferente da visão que muitos têm da ferramenta, blog não é apenas um diário pessoal: seu uso é bem mais amplo. Até porque blog não é um estilo de escrita, apenas um canal para expor suas ideias e compartilhar links, imagens, vídeos etc. Atualmente, existem blogs sobre os mais diversos assuntos.

Quais as evoluções que as novas tecnologias podem causar no ensino?
As novas tecnologias representam uma evolução na dinâmica de uma sala de aula. O professor passa a ser, cada vez mais, um facilitador do conhecimento. Para isso, utiliza ferramentas interativas (wikis, blogs, sites de relacionamento etc.), bem como recursos multimídia, tornando colaborativo o processo de aprendizado.

Qual a relevância da cultura do remix? E como fica o direito autoral?
O artista plástico Marcel Duchamp já defendeu que o espectador faz 50% do trabalho. Essa dinâmica ganha nova abordagem na internet. Um exemplo é o músico e produtor israelense Kutiman. Ele juntou partes de vídeos musicais amadores, retirou um trecho do som de cada um, remixou-os e criou canções. Outro conhecido por suas colagens musicais é o produtor norte-americano Gregg Gillis (DJ Girl Talk).
Eles são bons exemplos da cultura do remix (retrabalhar obras de outros artistas) da qual fala Lawrence Lessig, criador do Creative Commons (proposta para flexibilizar o direito autoral).
Em A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica, Walter Benjamin defende que o culto da obra é ampliado pela sua reprodução, que cria novas formas de aproximação com o público.
Atualmente, muitos dos novos artistas adotam princípios open source: desejam colaborar com outras pessoas, bem como disponibilizam suas criações para serem retrabalhadas por outros criativos.
Todavia, do ponto de vista jurídico, muitos dos exemplos que citei não são apenas artísticos, mas também criminosos.
Na maioria das vezes, a indústria cultural traz o debate para o aspecto da ilegalidade, avaliando como pirataria as atividades de compartilhamento de arquivos (via programas de download -p2p- ou serviços de hospedagem de material multimídia, como o YouTube) e a criação de novas obras utilizando conteúdo proprietário protegido. Buscam manter o status quo, sem pensar em qualquer tipo de concessão. Como se a sociedade não se movesse, não revisasse suas leis para se adequar à realidade vigente. Curiosamente, a indústria do entretenimento utiliza muitos serviços digitais como plataforma promocional para seus produtos.
Larry Lessig defende que não faz mais sentido criminalizar essa atividade. Podem ser criadas possibilidades para que o fã, ou o produtor não profissional, possa brincar com a obra de terceiros.
Há mais opções do que os dois argumentos antagônicos geralmente adotados sobre o assunto. A indústria de massa prega a supressão de novos usos, alegando que seu próprio futuro estaria em jogo. Ativistas digitais pleiteiam a legitimidade de todas as práticas criativas. A flexibilização dos direitos autorais (Creative Commons) e o fair use são algumas propostas que vão além dessas visões. Dessa forma, aborda-se o tema a partir de um prisma artístico, e não legal.

‘[…] Cada leitor, cada espectador, cada ouvinte produz uma apropriação inventiva da obra ou do texto que recebe. Aí temos que seguir Michel de Certeau, quando diz que o consumo cultural é, ele mesmo, uma produção — uma produção silenciosa, disseminada, anônima, mas uma produção’

  • Roger Chartier, na obra A aventura do livro, do leitor ao navegador (p.19).

E a narrativa transmídia?
As possibilidades multimídia da internet permitem cada vez mais a implementação de projetos transmídia.
O termo, criado pelo pesquisador Henry Jenkins, refere-se a histórias que são contadas através de diferentes plataformas (sites, celulares, redes sociais, games, aplicativos e blogs), expandindo muitas vezes universos criados em livros, filmes, histórias em quadrinhos e programas de TV.
Não só: pode se interligar com a criação original. Fan fictions (fanfics; criações de fãs baseadas em tramas alheias) e ARGs (jogos de realidade alternativa, em inglês) são alguns exemplos.

É possível falar em tecnoarte?
Sim. Há diversas vertentes: New media art, computer art, arte multimídia, arte interativa, bioarte, net art, videoarte e robótica são algumas das terminologias empregadas.
Fast Company fez uma ótima seleção com iniciativas criativas de uso da tecnologia nos museus. Entre as melhores experiências, cita: site ArtBabble, o YouTube do mundo das artes; performance em que uma artista viveu, durante determinado tempo, num museu (e relatou a experiência via Twitter: @msikate); mostras online de vídeos em que pessoas do mundo todo podem enviar seus trabalhos (Crowdsourcing); visitas virtuais; aplicativo para dispositivos móveis; museu que liberou a API de seu site (permite que outras pessoas possam utilizar esses dados) etc.

O que é API?
Tecnologia que possibilita a terceiros criarem projetos complementares utilizando conteúdo e serviços de outros sites. Exemplo: como o Twitter libera sua API, programadores autônomos podem desenvolver novos serviços utilizando o código do serviço de mensagens curtas, como o Twitpic.
A prática faz parte de um conceito maior, Linked Data, termo que se refere à utilização da web para interligar dados relacionados previamente não conectados. Pode-se utilizar, por exemplo, dados dispersos para a visualização da informação. Com o acesso público ao banco de dados, é possível também “remixar” essas informações, havendo uma mescla do conteúdo (mashup).
Entretanto, muitos projetos online não possuem plataformas abertas. Nesses casos, é necessário fazer mineração de dados.

O que é computação em nuvem?
Na computação em nuvem (cloud computing), o processamento e o armazenamento de programas e arquivos não são realizados no computador do usuário, mas sim via internet. Com isso, diversos serviços online conseguem emular softwares, mas sem a necessidade de instalá-los. A suíte de aplicativos Google Docs (http://docs.google.com), o comunicador online Meebo (http://www.meebo.com) e os webmails (Gmail, Yahoo Mail, dentre outros) são alguns exemplos.

O que você acha desses projetos que tentam cercear o acesso à internet?
Acredito que, muitas vezes, a tecnologia é neutra, o que varia é seu uso. Por isso é necessário avaliar com precaução a criação de mecanismos de censura, tutela externa. Todavia, liberdade de expressão não quer dizer que as pessoas estejam isentas das consequências das suas opiniões ou de seus atos. Tanto online quanto “off line” as regras são similares, cabendo processos onde a lei prevê.
Em todo caso, cabe salientar que na internet um erro tende a ter um alcance maior, se multiplicar mais rapidamente. Então, tome cuidado com a exposição pessoal excessiva. Como brincou o cartunista André Dahmer, da tira Malvados, “Internet é como mijar numa piscina: jogou lá dentro, não sai mais”.

Como devo lidar com a questão da exposição pessoal na internet?
Essa resposta tende a ser…pessoal. Ter um uso desinibido ou mais comedido das redes sociais é uma escolha sua. Todavia, reclamar de possíveis consequências negativas é incoerente ou, no mínimo, revela pouco conhecimento sobre o assunto.
Não creio que seja necessário ter uma postura defensiva, apenas aplicar online o mesmo tipo de cuidado que temos na vida “real”. O que vale é o bom senso.
Até porque cada vez mais soa datado fazer distinção entre vida “on” e “off line”: se falamos coisas demais na vida “off line”, podemos ser inconvenientes, ser alvo de fofoca; discutir e espalhar calúnias. A internet é uma nova tecnologia; o ser humano é o mesmo de sempre. Talvez o diferencial seja que o poder multiplicador da internet é mais amplo e rápido.
Certa vez, Tutty Vasques escreveu que “há muita reclamação de invasão de privacidade, mas há muita evasão de privacidade.” Falava de celebridades, mas a frase pode ser empregada para descrever o mundo virtual.
Para se precaver, você pode usar eficientemente os mecanismos de privacidade dos sites. O Facebook possui muitos recursos para esse fim; o Twitter permite proteger suas atualizações.
Por outro lado, há quem transforme o cotidiano em ótimos textos (crônicas, pontos de vista humorísticos etc.)
Você não precisa criar uma máscara para interagir online. Basta praticar as mesmas regras de educação que já conhece. Elas são clássicas.

Como lidar com tanta informação?
Atualmente, você pode personalizar sua experiência. Isso porque escolhe não apenas entre diversos meios, mas também tem acesso a uma pluralidade de agentes informativos. Muitas vezes, sem pagar pelo conteúdo. Então cabe a você definir seus filtros.
Todavia, lembre-se que informação sem atenção não vale muito. Na verdade, pode ser contraproducente, causar uma espécie de “fadiga mental”. O jornalista Gilberto Dimenstein escreveu que “Assim como excesso de comida não significa saúde, mas doença, excesso de informação não significa capacidade de lidar criativamente com o conhecimento”.

Somos realmente multitarefa?
Na prática, estamos sempre alerta, mas pouco conscientes. De toda forma, as pesquisas nessa área muitas vezes apontam para caminhos antagônicos. Há quem defenda que as pessoas atualmente realizam várias atividades simultaneamente, mas sem profundidade. Por outro lado, podemos estar apenas numa fase de transição, de adaptação a esses novos meios. Não duvido também que possam surgir invenções que nos auxiliem a lidar com essa abundância de informações. Já vivi tempo suficiente para não duvidar de nada.
Por enquanto, sugiro que seja seletivo. Ademais, não sofra em querer estar sempre informado, conectado. De nada adianta tanta informação se não puder assimilar isso: “Todo o homem que lê demais e usa o cérebro de menos adquire a preguiça de pensar” (Albert Einstein).

O que está acontecendo com a comunicação?
Antes, a indústria da informação era dominante, agora convive com outros agentes, já que qualquer internauta pode criar sua própria publicação online: blogs, podcasts, Twitter etc. Para Chris Anderson, outrora editor da revista Wired, os meios tradicionais de comunicação deixaram de ser um monopólio, a única maneira de distribuir notícias.
Mesmo quem não cria canais específicos para a publicação de conteúdo, tem acesso a essa quantidade infindável de informações através de recomendações em redes sociais online, e-mail ou comunicadores online (como o MSN Messenger), através dos sistemas de buscas etc.
Em suma, o comunicador atual não deveria se distanciar da audiência no processo de comunicação, já que a diferenciação emissor/receptor faz cada vez menos sentido. O consumo da notícia não representa, necessariamente, o final do processo. Hoje, pode sinalizar o começo de novos desdobramentos: remix de conteúdo, comentários, engajamento nas redes sociais etc.

O jornalismo vai morrer?
Os meios de comunicação são um dos grandes formadores de opinião, assim como o boca a boca, a recomendação dos nossos contatos. Geralmente, a mídia é citada como uma das instituições mais bem avaliadas pela opinião pública brasileira, segundo pesquisas feitas pelo Ibope.
Todavia, atualmente há novos agentes que também têm credibilidade, podendo ser um blogueiro, o moderador de um fórum online etc. O que vale é o capital social, a visibilidade e a credibilidade que se tem junto a um determinado público.
Voltando ao ponto inicial. Que tal mudarmos essa visão catastrófica para algo mais produtivo? Acredito que o jornalismo está se transformando (algo que sempre ocorreu, apenas a mudança está sendo mais intensa).
Poderíamos optar por falar em evolução. É melhor ou pior do que veio antes? Prefiro o termo “diferente”. Até porque a internet não nega os meios anteriores, mas sim reaproveita muitas dessas características. Caminhamos para um cenário de simbiose entre os meios. Ou seja, multimídia e interativo.

Quais os impactos da mídias digitais?
As consequências são amplas. E estamos apenas no início da criação de uma sociedade conectada. São pessoas que estão interagindo, criando conteúdo, fazendo manifestações online, criando arte coletivamente, compartilhando conhecimento etc.

E qual o fato mais importante desse novo cenário?
Papo extenso. Citaria um em particular: atualmente, há diversos tipos de dispositivos eletrônicos que permitem a comunicação e a colaboração entre as pessoas. Todavia, como defende Henry Jenkins, autor do livro Cultura da Convergência, a verdadeira convergência não ocorre por meio de aparelhos, mas sim entre cada indivíduo e as interações sociais que constroem. As novas tecnologias respondem a essa demanda, são o meio para que esse processo ocorra.

Não há ciberutópicos demais apenas pregando as benesses do mundo digital, e pouco avaliando os aspectos negativos?
A internet nem sempre cria novos padrões, muitas vezes ela potencializa características já existentes ou torna possível demandas reprimidas. Evidentemente, tecnologia e consumidores dialogam, daí surgem novos produtos, hábitos, possibilidades etc.
Acima de tudo, não existe apenas uma internet, mas sim várias. Isso porque ela não entrega um produto fechado, como a TV. A experiência é resultante de escolhas pessoais. Ou seja, dizer que a internet é boa ou ruim é tão coerente quanto dizer o mesmo sobre carros. O debate não deve ocorrer centrado apenas no veículo, mas também incluir o motorista.
A infosfera é uma nova tecnologia, para o velho ser humano. Então, assim como na sociedade há problemas, a internet também apresenta desafios.
Vale ressaltar também que a mídia, muitas vezes, adota um viés negativo sobre assuntos que não domina. Daí surgem rótulos e abordagem estereotipadas. É assim com as tecnologias digitais. Tome como exemplo os jogos eletrônicos. Por causa deles, os jovens seriam mais apáticos, pouco sociáveis, praticariam menos atividade física…
Os títulos violentos, não raro, são apontados como influencias negativas para as novas gerações, ou mesmo responsabilizados por atos de violência. Se assim fosse, o número de crimes seria bem maior, já que jogos com temática violenta são muito populares. Por outro lado, artes tidas como mais nobres, mesmo quando abordam temas similares, não recebem o mesmo tratamento. Infelizmente, para uma mente perturbada, uma referência externa-mesmo que não seja associada a violência- pode servir de inspiração para crimes.
Não é uma postura nova. A representação que a mídia fez da cultura jovem pós-segunda guerra mundial mostra isso. Ela associava juventude a perigo, dissidência aos valores tradicionais da sociedade.

Quais os problemas de usar em demasia a internet? Pode viciar?
Prefiro acompanhar o raciocínio da pesquisadora do MIT (Massachusetts Institute of Technology), Sherry Turkle: “Não gosto da metáfora do vício, porque significa que você terá de renunciar a algo. Não podemos abandonar a tecnologia. O que precisamos é de uma dieta digital, fazer correções.”
Qualquer atividade que faça em demasia pode ser danosa, mesmo que não vire vício. Isso porque concentrar grande parte do seu tempo em poucas tarefas pode “roubar” sua atenção de outros aspectos da sua vida. O equilíbrio sempre é bem-vindo.
Sobre os danos que podem causar. São apontados problemas de saúde (como piora da visão, dores musculares e sono ruim), dificuldades de sociabilidade etc. Já há clínicas para dependentes de novas tecnologias.
Por outro lado, o problema não se restringe à internet. Há quem não use em demasia a grande rede, mas tem uma relação de dependência em relação ao telefone celular, por exemplo.

E porque isso aconteceria?
Em muitos casos, a tecnologia é neutra, o que varia é seu uso. De toda forma, há cada vez mais pessoas usando computador, mais lan houses e telecentros, o que amplia o número de pessoas conectadas. Ou seja, que estariam mais expostas ao “problema”.
Ademais, a internet pode ser acessada através de vários aparelhos, e não apenas do computador. O celular, dentre outros dispositivos móveis que nos acompanham diariamente, passa a ser cada vez mais utilizado para isso.
Acima de tudo, a internet é um meio de comunicação que permite a imersão, não apenas um consumo distanciado. Pelo seu caráter multifacetado, as pessoas utilizam a internet para os mais diversos fins: você pode não apenas consumir informação, como também produzi-la, interagir com seus contatos nos mais diversos serviços (redes sociais, comunicadores online com o WhatsApp) etc.

Posso fazer algumas perguntas pessoais?
Sim.

Por que dificilmente usa fotos pessoais na internet?
Até publico algumas, mas prefiro fazer uma “crônica visual” do meu cotidiano. Apesar do que diz minha mãe, não sou fotogênico. Nem sei sorrir nas fotos. Poderia facilmente entrar nesse site: happiestpeopleever.tumblr.com/.

Por que não fala de sua vida pessoal?
Menciono alguns pontos, mas meu cotidiano é tão tranquilo que acharia aborrecido se eu mencionasse fatos mundanos. Ademais, não vai me ver reclamando da vida. Como prega o budismo, não domino o destino, mas posso controlar como reajo às situações que vão surgindo.

Falando nisso, você é budista?
É uma filosofia que me atrai, assim como o hinduísmo. Na prática, utilizo muitos conceitos para criar uma espécie de espiritualidade pessoal (que é diferente de religião). Vale frisar que o budismo possui vertentes: a zen, a tibetana etc.

Tenho medo.
Não tenha. Em momentos de transição, há quem ache que os novos ventos só trarão coisas boas, assim como também surgem as viúvas das benesses atuais. Não acredite totalmente em nenhum dos dois. Seja curioso, mas mantenha uma postura reflexiva. Ademais, não se cobre do resultado. Esse é incerto e muitas vezes não depende de você. Seja atento ao processo, ao que pode construir.
Viva o momento e caminhe para a frente. Esqueça a ideia do sucesso, pense em progressão.