O cientista cognitivo Philip Fernbach defende que estamos vivendo uma epidemia de notícias falsas. Hoje, é comum desafiar o consenso científico sobre questões como vacinação e aquecimento global.

Para Fernbach, somos suscetíveis a inverdades porque não sabemos o bastante para justificarmos o que acreditamos. Por isso, muito do que defendemos não se baseia no que está em nossa mente, pois não somos programados para armazenar muita informação detalhada.

Essa limitação não seria um problema para a evolução humana pois, segundo Fernbach, “o pensamento é um processo social".

"Cada um de nós tem uma fatia de conhecimento, e nossas mentes são programadas para colaborar e compartilhar ideias, o que nos permite alcançar objetivos extremamente complexos", avalia.

Nem sempre a partilha de ideias é positiva. Isso fica mais evidente quando navegamos online. A sensação de conhecimento ilimitado é calcada nas pessoas que estão ao nosso redor.

Essa crença faz com que o grupo defenda com entusiasmo determinada ideia: “Eu acredito porque meus iguais acreditam”. Na prática, as pessoas defendem aquilo que escutaram repetidas vezes em seu grupo. Fernbach compreende que “quando expressamos nossas opiniões, estamos canalizando nossas comunidades de conhecimento".


 

Acreditamos que nossas opiniões resultam de um processo racional de avaliação de evidências, por isso criticamos outras interpretações. Quem não pensa como eu seria estúpido, incapaz de realizar a mesma análise criteriosa.

A solução para visões distorcidas e simplistas do mundo? Sermos mais criteriosos em relação às nossas fontes. Além disso, aponta Fernbach, precisamos "praticar um pouco mais a humildade intelectual, abrir a mente para a possibilidade de que algumas dessas falsas crenças talvez surjam na comunidade que integramos".

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